Sim, sem título. Porque já me basta todas as pressões que tive esta semana para ainda hoje levar com a pressão de ter que escolher um título para este texto. E hoje é sem título porque apetece-me largar aqui tudo. Tipo texto do livramento. De quem hoje acordou outra vez sem voz e já deu por si se não será um sinal do universo, do género: "naquela situação falaste demais!" e "naquela situação não usaste a tua voz!". Parvo, eu sei. Mas hoje estou nesse estado de espirito. De quem gostava que a vida fosse leve e fácil. Mas parabéns miuda, tens 32 anos, e a vida é tudo menos isso. Bem-vinda à vida adulta. E refugiava-me fácil uns 2 dias num spa ou numa ilha deserta. Para recuperar a voz e alinhar as ideias. Daquele visionboard que fiz no início deste ano de tudo o que queria cumprir. Daquela mulher que quero voltar a ser. E é como se tivesse uma voz dentro de mim a fazer-me questionar o caminho a seguir e a questionar o meu propósito. E a mulher dos sonhos e objetivos, dos mil e um projetos e adrenalina do fazer acontecer que me fazia sentir realizada tem vindo à memória cada vez mais. E eu sei. Cabe-me a mim fazer por isso. Cabe a cada uma de nós fazer por ir atrás da mulher que quer ser. Vamos a isso?
Há várias formas de auto-cuidado e terapia. De fazermos por nós e pelo nosso bem-estar. De desanuviar do tanto que vivemos em tantos dias e de fazermos aquilo que tantas vezes deixarmos para depois: a nossa saúde mental. E nas rotinas atribuladas e intensas dos dias de hoje, em que nunca se desliga com os telemóveis que nos mostram o trabalho e as responsabilidades a toda a hora, com a pressão que se incute de querer fazer sempre mais e melhor e até as vidas perfeitas das redes sociais que nos afetam, cada vez mais a nossa saúde mental é posta à prova. E tantas vezes facilmente deixamos ficar para depois. O cuidar de nós. Desde aquele jantar com as amigas que já não nos lembramos da última vez, ao pilates que nunca marcamos, ao livro que está parado há um mês na mesa sem lhe tocar, ao passeio de fim-de-semana que estamos ao tempo por fazer e à escrita que achamos que já não fazia sentido. Porquê? Porque achamos que tudo tem mais importância. E deixamos de priorizar o que nos ajuda a gerir as emoções, a ansiedade, o stress dos dias e a gestão do tanto que se passa na nossa cabeça. E estes dias voltei à escrita. Como uma necessidade iminente. Como um refugio para o caos dos dias. Como se de terapia se tratasse. E às vezes precisamos de algo tão simples para reconectarmos como parar uns minutos para escrever. Ou aquela caminhada que evitamos dar. Ou o livro que está à espera por ser lido. Ou o tempo que nunca temos verdadeiramente para brincar com os nossos filhos sem o telemóvel sempre a tocar. Para estarmos bem psicologicamente precisamos destes escapes que nos ajudam a parar, desligar e conectar e conseguirmos distanciarmo-nos do que nos causa ansiedade para conseguirmos estar bem e gerir tudo da melhor forma. E é por isso que aquilo que tantas vezes achamos que não é prioritário no meio do tanto que temos para fazer nos nossos dias é na maioria das vezes justamente aquilo que precisamos de fazer para conseguirmos estar bem. Das maiores lições que o ano passado trouxe, é que não tivermos bem, nunca iremos conseguir ser produtivas nem dar o nosso melhor. E esta espécie de terapia é o que fizer sentido a cada uma de nós.
Há quem acredite que a maneira como nos apresentamos em nada se relaciona com quem somos ou quem queremos ser. E se já antes eu discordava disso. Claro, eu a defensora que a nossa imagem diz muito sobre nós e que a maneira como nos vestimos apresenta a nossa imagem. O ultimo ano fez-me perceber uma coisa muito importante: não é só o look que importa, mas sim a tua postura. De que interessa estarmos a usar a nossa melhor roupa, aquela que mais gostamos e que nos faz sentir confiante, se a nossa postura representar a de uma mulher insegura, que duvida de si e que não está bem? E acredita o teu corpo transparece tudo o que tu sentes. Quando estas com costas para baixo e o corpo flectido aquilo que estamos a dizer a quem nos rodeia é que ali está alguém que tem algum receio ou insegurança. Agora endireita as costas. Já viste a diferença que fez? O teu corpo assumiu uma postura que transmite confiança, atitude, liderança. E inevitavelmente como um truque de magia o nosso estado de espírito muda por completo.
Por isso, façam-me todas um favor hoje: Mulher endireita as costas, põe um sorriso na cara e segue em frente. O dia é teu!
Estava no sofá, num estado gripal daqueles infernal, até que deu-me o clique. "Ok Ângela, já paras-te, já descansas-te, está na hora de te levantares e deixares a gripe de lado!" E lá fui eu. Carreguei no play. Literalmente. Bad bunny a tocar no telemóvel, em alto e bom som. Aproveitar que o paracetamol está a fazer efeito e...dançar. Sim, dançar. Dizem que quando estamos vulneráveis devemos procurar fazer coisas que nos estimulem, que nos entusiasmem, por mais estranho que pareça e que nos faça sair daquela espiral deprimente e lamentavel que não acrescenta nada a ninguém. E se a isso juntarmos aqueles belos dois dias antes de nos vir a menstruação, escusado será dizer que o estado de espírito tem tudo para ser do contra e para baixo. Mas não tem porque o ser. Não temos que nos vitimizar nem arranjar desculpas. Mas sim agir. Dançar, se for preciso. Pensar, o que faria aquela mulher que a tenho como inspiração? E claro que até ela tem os seus momentos. Mas os momentos são isso, momentos. E não dias. E sabes uma coisa? O que diferencia uma pessoa, é a sua forma de agir e encarar as coisas. Então imagina uma mulher com gripe prolongada e de TPM! Sabes uma coisa? É igual. Ser mulher já é uma montanha-russa de emoções, de hormonas, do fazer acontecer. Mas bora lá. Isso é a beleza de tudo. E este ano, mais do que antes, tem me vindo à cabeça uma coisa que ouvi num evento que me impactou. Nós mulheres somos muito do fazer acontecer. E no fazer acontecer temos quem se limita ao que lhe é atribuído e está tudo bem e temos quem não se contenta e quer ir sempre mais além. Como se não conseguisse estar parada, para não dizer, satisfeita. Acho que é por isso que fui tão feliz e realizada em todos os eventos que organizei. Por ir sempre mais além. E puder surpreender. E isto faz tão parte da montanha-russa de ser mulher. O estar em constante evolução diariamente. Como se fosse um estado de bipolaridade que atribuimos a razão ao TPM.
Esqueçam a gravidez e os diabetes gestacionais. Os - muitos - quilos a mais e os pés inchados. O parto e os receios. E até o pós-parto das cólicas, das noites sem dormir, do cansaço inexplicável - que é só das fases mais difíceis na maternidade! - sabes para o que é que ninguém te prepara mesmo?! Para quando a tua filha de 3 anos fica doente. E lá vais tu para a rodinha do ratinho de pôr a tua vida em stand-by por dois a três dias em casa. Com uma menina que ora só quer colo e mimo, ora só quer brincar e subir à cadeira porque quer cozinhar. Mas junta a isto uma mãe igualmente doente, sem dormir direito há quase uma semana. E uma filha que luta com todas as suas forças por não dormir sestas quando está com a mãe em casa. Ai que combinação fantástica essa! E a minha cabeça que é igual aquele ratinho na rodinha da gaiola, não pára um segundo e só penso no trabalho que está à minha espera, na cozinha por acabar de arrumar e na roupa por apanhar, em como gostava de conseguir dormir nem que fosse 5 minutos para conseguir ajudar a recuperar esta gripe. E, nisto, ao meu lado está uma criança que ora se encosta a mim e dá-me a esperança que é desta que vai descansar, ora se levanta de repente e faz da mantinha o lençol de um fantasma para lutar contra o sono, ora começa a trepar a cabeceira da cama. E nisto dou por mim a pensar que a culpa desta minha filha cheia de energia pode ser da minha cabeça que não pára e está ali a genética do não saber parar. E, de repente, vem à cabeça o tão intenso que foi o pós-parto com o sono, o cansaço, o tanto por fazer em casa e uma filha que quase desde que nasceu acha que dormir é perda de tempo. E, moralismos à parte, que este cantinho é meu e não quero ferir susceptibilidades, mas sabem uma coisa, que se lixe o inverno e as gripes que de repente nos mandam para casa e não nos largam durante quase 3 semanas. Porque ter filhos é saber que à minima coisa que apanhem nós somos aquela esponja que absorve logo. E ficamos ali vulneráveis, com o corpo a pedir descanso, com uma tosse que parece que vai sair um pulmão pela boca fora a qualquer instante, aquele estado deprimente de constipadas e vemos toda uma vida a passar e uma filha que quer tudo menos descansar. Exagerada, eu sei. Mas o Tpm em modo on fire em plena semana do amor e os tantos medicamentos que já tomei nos últimos dias deixaram-me um tanto ou quanto dramática e vim aqui ter os meus 5 minutinhos de fama - ou melhor! - de desabafos de mãe!
P.s. texto com uma boa - elevada! - dose de sarcasmo!