O Refugio da Escrita
Já alguma vez sentiram que, de repente, a vossa vida deu uma volta de tal forma, como se o universo arranjasse uma forma de vos fazer perceber aquilo que precisavam? Imaginem a pessoa que era incapaz de desligar. Do trabalho, da cabeça a mil, dos mil e um projetos e trabalhos até nas férias de verão nos tempos de escola. Prazer, sou a Angela e sou a pessoa que sempre me intitulei workaholic. Com orgulho e admiraçao. Até que muitos anos depois, uma filha, um casamento e uma casa entretanto e um trabalho que fez-me dar muito de mim, e este foi o ano que fez com que eu percebesse. Que aquilo que eu via como algo que devia ser supostamente um motivo de orgulho e admiração, foi o que fez com que, com o passar dos anos eu não conseguisse desligar. E hoje sinto-me como aquelas figuras publicas que vão num retiro para os himalais ou numa viagem espiritual para a India. Mas em versão dos pobres. Como a mulher que fica em casa com as tarefas domesticas e a gozar os muitos dias de férias mais longos das ultimas decadas. Ferias de verão da escola, sois vocês? Numa versão férias da pascoa de limpar as teias de aranha das portas do jardim e da cabeça. E entre as limpezas, os pensamentos, os encontros e reencontros é quando realmente percebo que há coisas que acontecem por uma razão. No meio para atingir o fim. E na vida que segue. E nos dias que passam para depois se regressar. E sabes o que hoje dei por mim a pensar? Que tudo tem uma razão de ser e de acontecer. Como aquela pessoa que se encontra sem esperar naquele abraço que nos conforta. Como nos projetos que se fazem e nos fazem desejar o futuro que tem a beleza do incerto. Como a promessa da estabilidade nos parece o certo mesmo no meio da incerteza da mudança. E como damos um salto de fé quando nos podíamos acomodar, continuar a acenar e a fingir que está tudo bem, porque simplesmente sabemos que o está para vir será certamente melhor. E o caminho é em frente. Na vida e nos dias.